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  Através do olhar   Era uma vez…a pequena Adelaide e a irmã que chegavam sempre no final das festas da catequese, em busca de alguma atenção e comida. Viviam perto do Externato Diocesano, numa barraca, com um velho a quem chamavam “pai”. Na verdade, constava que não era o pai, mas apenas um companheiro fugaz da mãe, uma prostituta no ativo, que tivera pena delas. Estávamos no início dos anos 80 em Portugal, na margem sul, ainda não se falava em direitos da criança e não existiam CPCJs. A Adelaide teria uns cinco/seis anos, uma cara engraçada, corpo magrinho e disposição muito viva e a irmã, não recordo o nome, uns nove anos, rosto redondo e pesado, um corpo maciço, que a tornava mais velha, e uma expressão de sofrimento contido, fruto, talvez, da maior consciência.   Havia uma ligação indefetível entre as duas. Chegavam sujas e esfomeadas, a Adelaide sempre na maior das excitações. Um dia vi-as comer, encheram tanto a boca que ficaram com a garganta entupida, para grande atrapalha

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